Marco Ferrari, Todavia, 2023.
António Salazar foi um professor e político português que governou o país por 36 anos, de 1933 a 1968, impondo um regime autoritário e fascista chamado Estado Novo – o mais longo da Europa. Filho de camponeses e formado em Direito e Economia pela Universidade de Coimbra, Salazar começou sua carreira política como deputado pelo Centro Católico Português em 1921, mas renunciou logo depois. Em 1926, após um golpe militar que derrubou a Primeira República, Salazar foi convidado a assumir o Ministério da Fazenda, onde implementou uma política econômica rigorosa que lhe rendeu prestígio e apoio.
Em 1932, Salazar tornou-se primeiro-ministro e no ano seguinte promulgou uma nova Constituição que estabelecia o Estado Novo, um regime de partido único (a União Nacional), censura à imprensa, repressão aos opositores e controle sobre as colônias portuguesas na África e na Ásia – 20 mil pessoas teriam sido mortas pelo regime. Salazar manteve uma posição de neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial, mas colaborou com os regimes fascistas da Espanha, Itália e Alemanha. Sua política colonialista provocou guerras de libertação nos territórios ultramarinos, que desgastaram o regime e a economia do país.
Em 1968, Salazar sofreu um derrame cerebral, que o afastou do poder, sendo substituído por Marcelo Caetano, mas, num estado semivegetativo, continuou assinando documentos, dando conselhos aos ministros e participando de audiências, farsa que custou 1,5 milhão de euros até sua morte em 1970. Situação semelhante, mas à esquerda, pode ser vista no filme Adeus, Lenin!, de Wolfgang Becker, 2003.