Frankenstein ou o Prometeu moderno. Mary Shelley. Penguin Companhia. 2015.
Drácula. Bram Stoker. Penguin Companhia. 2014.
Narrar ou descrever? A pergunta é de George Lukacs: são duas técnicas diferentes para apresentar informações ao leitor. A narrativa mostra a história a partir de um ponto de vista específico, enquanto a descrição dá a ilusão de neutralidade em relação aos fatos narrados. A narração conta a história, a descrição apresenta os fatos da história. Os livros Frankenstein ou o Prometeu moderno, de Mary Shelley, e Drácula, de Bram Stoker, são dois clássicos da literatura de terror e ficção científica, e mostram a diferença entre narrar e descrever.
Frankenstein, publicado pela primeira vez em 1818, narra a história de Victor Frankenstein, um cientista obcecado em criar um ser vivo a partir de partes de cadáveres humanos. Ele consegue dar vida à sua criatura, mas se arrepende e a abandona. O monstro, rejeitado por todos e cheio de ódio, passa a perseguir e se vingar de seu criador e de seus entes queridos. O livro é considerado a primeira obra de ficção científica da história e aborda questões como a responsabilidade moral da ciência, a solidão, o preconceito e a busca por identidade. Apesar de seu formato tradicional, o tema – a construção artificial do ser humano – está presente na robótica, na inteligência artificial e na engenharia genética.
Drácula descreve o conde Drácula em fragmentos de diários, cartas, telegramas, notícias de jornal, diário de bordo, memorandos, notas, bilhetes e – que moderno para um livro publicado em 1897! – a transcrição de uma gravação fonográfica. É um vampiro milenar que vive na Transilvânia e que deseja se mudar para Londres. Ele contrata o advogado Jonathan Harker para cuidar dos trâmites legais, mas o aprisiona em seu castelo. Enquanto isso, a noiva de Harker, Mina Murray, recebe cartas estranhas de sua amiga Lucy Westenra, que está sofrendo de uma doença misteriosa. O médico Abraham Van Helsing descobre que Lucy foi vítima de Drácula e reúne um grupo de amigos para combater o vampiro e impedir que ele domine Mina e toda a Inglaterra. O livro é um dos mais influentes do gênero de terror e criou uma mitologia em torno da figura do vampiro. O livro aborda temas como o bem e o mal, a sexualidade, o colonialismo e o medo do desconhecido. Apesar de seu formato moderno, fragmentado, jornalístico, é uma atualização de uma história muito antiga – a do anjo caído (Lucas 10:18, Apocalipse 12:7-17, Pedro 2:4 etc.).
